D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal, filho do conde D. Henrique de Borgonha e da infanta D. Teresa (filha bastarda de Afonso VI , imperador do reino de Leão), senhores do condado Portucalense . Fundou a dinastia de Borgonha, que durou 244 anos.
Não é certo o seu local de nascimento, muito embora Guimarães seja o local mais indicado, apesar de alguns indicarem Coimbra.
Criado desde cedo por Soeiro Mendes e sua mulher, senhores de Riba de Ave, assumiu muito jovem, em 1120, juntamente com D. Paio, então arcebispo de Braga e irmão de Soeiro Mendes, uma posição política contrária à de sua mãe, D. Teresa, que apoiava já então os Travas. Esta posição política obrigou D. Paio a emigrar, levando consigo o jovem D. Afonso Henriques que, provavelmente em 1122, se armou a si próprio cavaleiro - como era usual os reis fazerem - na catedral de Zamora.
De novo no condado, deu-se a 24 de Junho de 1128 a batalha de São Mamede. Aí se defrontaram as hostes de D. Afonso Henriques e dos barões que o acompanhavam, com as de fidalgos galegos, chefiados por Fernão Peres de Trava, e partidários de sua mãe D. Teresa. Temia-se a influência desse conde galego - Fernão Peres de Trava - junto de D. Teresa, já que se via nessa união uma clara tentativa de unificação da Galiza com Portugal, posição contrária à dos barões portucalenses, que desejavam a autonomia em relação à Galiza.
Foi nestas circunstâncias que se travou a batalha, da qual o conde de Trava saiu derrotado, sendo D. Teresa exilada para a Galiza, onde viria a morrer em 1130. A batalha foi decisiva e quem aí venceu foram sobretudo os barões portucalenses que rejeitavam a influência dos Travas no condado, e manifestavam a sua opção por D. Afonso Henriques como seu chefe.
Vencida a batalha, Afonso Henriques assumiu claramente o governo do condado, com o objectivo claro de lhe firmar a independência. Para tal, definiu uma dupla política baseada, por um lado, na defesa do seu condado contra Leão e Castela (a norte e a leste) e contra os mouros (a sul); por outro, na negociação com a Santa Sé, no sentido de ver reconhecida a independência do seu reino e de conseguir também a autonomia plena da Igreja Portuguesa.
Dentro deste espírito, fundou o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (1131), propiciando assim a reunião das dioceses portuguesas à metrópole de Braga, e mandou erigir numerosos castelos fronteiriços, datando de 1135 a fundação do castelo de Leiria, um dos pontos estratégicos para o desenvolvimento da Reconquista .
Em Cerneja, em 1137, D. Afonso Henriques venceu os leoneses e, em Ourique, na famosa batalha com o mesmo nome, a 25 de Julho de 1139, derrotou os mouros, passando então a intitular-se rei.
Em 1143 D. Afonso Henriques prestou vassalagem à Santa Sé e, nesse mesmo ano, na reunião de Zamora, D. Afonso VII de Leão reconheceu a realeza de D. Afonso Henriques. Porém, só em 1179, com a bula Manifestis Probatum, o papa Alexandre III designou D. Afonso Henriques como rei, concedendo-lhe também o direito de conquistar territórios aos mouros, e possibilitando-lhe deste modo o alargamento do seu território.
A partir da batalha de Ourique, a autonomia de Portugal tornou-se, cada vez mais, incontestada, fortalecida sobretudo pela bula papal e pelo reconhecimento de Portugal como reino independente por parte do imperador de Leão e Castela e por outros reis da Península. D. Afonso Henriques conquistou entretanto Santarém (15 de Março de 1147) e Lisboa (24 de Outubro de 1147), com a ajuda de cruzados, estabelecendo assim o limite sul do condado Portucalense. Tomaria ainda Almada e Palmela, que se entregaram sem luta, conquistando posteriormente, em 1159, Évora e Beja, que perderia pouco depois a favor dos mouros. A reconquista de Beja foi de novo possível em 1162, reocupando-se também Évora, com a ajuda de Geraldo Sem-Pavor, cidade que também voltaria a perder.
Casou em 1146 com Mafalda ou Matilde (filha de Amadeu II, conde de Mouriana e Sabóia), de quem teve sete filhos.
Depois de um governo de mais de 57 anos, D. Afonso Henriques morre a 6 de Dezembro de 1185, tendo sido sepultado no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde ainda hoje repousam os seus restos mortais.
Ao longo de seu reinado, D. Afonso Henriques mereceu o cognome de Conquistador.
Sucedeu-lhe o seu filho D. Sancho I, com um território perfeitamente definido e independente: não apenas um condado, mas já sim um verdadeiro reino.
D. Afonso Henriques (1109-1185)
D. Afonso Henriques was the first king of Portugal. He was the son of Count D. Henrique de Borgonha and Infanta D. Teresa (illegitimate daughter of Afonso VI, emperor of the kingdom of Lion) who ruled in the Portucalense County.
He founded the dynasty of Borgonha, which lasted for 244 years.
It is assumed thar he was born in Guimarães, although Coimbra is sometimes mentioned to be his birthplace.
He was raised by Soeiro Mendes and his wife, from Riba de Ave, and as a young man he assumed, along with D. Paio (Soeiro Mendes's brother and Archbishop of Braga), a political position against his mother D. Teresa, who already supported the Travas. This political position forced D. Paio to emigrate, taking with him the young D. Afonso Henriques who, probably in 1122, armed himself a knight, as kings used to do, in Zamora's cathedral.
The Battle of S. Mamede took place on June 24th 1128. There the soldiers of D. Afonso Henriques and his Barons confronted the troops led by Fernão Peres de Trava and D. Teresa. The alliance of the Galician Count Fernão Peres de Trava with D. Teresa was clearly seen as an attempt to unify Portugal and Galicia, and that is why the Portucalense Barons, who were in favour of Portucalense independence, were against it.
It was under these circumstances that the Battle took place and after Count Trava's defeat D. Teresa was exiled to Galicia where she died in 1130. The victory belonged mainly to the Portucalense Barons, who clearly preferred D. Afonso Henriques as their leader rather than the influence of the Travas.
After the Battle, Afonso Henriques assumed the government of the County, aiming at asserting its independence. Thus he defined a double policy based, on the one hand, in the defense of the County against Lion and Castela ( to north and east) and against the Moors ( to south); on the other hand, in the negotiation with the Holy See with the purpose of having the independence of his kingdom acknowledged and of obtaining real autonomy for the Portuguese Church.
He thus founded the Monastery of Santa Cruz de Coimbra (1131), encouraging the union of the Portuguese dioceses to the metropolis of Braga, and ordered the building of several frontier castles, such as the castle of Leiria, founded in 1135, which would become strategically very important for the development of the Reconquest.
In Cerneja, in 1137, D. Afonso Henriques triumphed over the Lionese and, in Ourique, in the famous battle of Ourique he triumphed over the Moors in July 25th 1139, and called himself king.
In 1143, D. Afonso Henriques rendered vassalage to the Holy See and, in the same year, in the Zamora meeting, D. Afonso VII of Lion acknowledged D. Afonso Henriques as king. However, it was not until 1179, with the bull Manifestis Probatum, that the Pope Alexandre III designated D. Afonso Henriques as king, granting him the right to conquer territories to the Moors, and giving him the chance to extend his territory.
From the Battle of Ourique onwards, the autonomy of Portugal became more and more unrefuted, and it was strengthened by the papal bull and the acknowledgement of Portugal as an independent kingdom by the Emperor of Lion and Castela and other kings of the Peninsula. Meanwhile, D. Afonso Henriques conquered Santarém (15th March, 1147) and Lisbon (24th October, 1147), with the help of crusaders, thus establishing the south limit of the Portucalense County. He also took hold of Almada and Palmela and, in 1159, he conquered Évora and Beja which he would then lose for Moors, being reconquered later on.
He got married to Mafalda or Matilde (Amadeu II's daughter) in 1146, and they had 7 children.
He ruled for more than 57 years and died on December 6th, 1185. He was buried in the Monastery of Santa Cruz de Coimbra and has been kept there ever since.
After his death, D. Sancho I succeeded to the throne, inheriting a territory completely defined and independent: not just a County but a real Kingdom.